Revista Nº 30 - Dezembro de 2022

Editorial

Nova Era

Não é de todo um termo recente, no entanto tão ouvido, tal como uma promessa por cumprir. 

É comum ouvirmos que estamos a entrar na era de aquário, uma nova era.  Sabemos que vivemos tempos de transição.  Estamos a iniciar um novo século e ao longo do último, assistimos a grandes transformações, em que não podemos negar a evolução rápida de toda uma sociedade, a evolução  cultural, tecnológicas e outras. Como sabemos, floresceram movimentos religiosos e místicos, onde conceitos de Amor foram amplamente divulgados. A crença de muitos num salvador que virá para nos resolver todos os problemas a nível pessoal e mundial. Uma devoção cega, que tem conduzido a todo o tipo de fanatismos e intolerâncias. Fomos bem conduzidos à globalização e na verdade o planeta mais parece uma aldeia, onde tudo está ao alcance dos nossos dedos. 

Essa nova era virá mesmo? 

O termo new age dá-me um pouco de alergia. Temos de ter os pés bem assentes na terra. Sei, que estamos a iniciar uma nova temporada, sim! Mas esperamos na verdade, que tudo aconteça como um passe de mágica? 

Muitos têm dado verdadeiros saltos quânticos na sua evolução, sem dúvida.  Mas continua a ser urgente a revisão de valores e conceitos, de trabalho interno precioso,  que nos ajude a alterar toda uma consciência, que continua voltada para si mesmo.  Se todos se unissem, para enfrentar os desafios planetários, o desenvolvimento sustentável, a fome e pobreza, o terrorismo, tudo poderia ser resolvido de forma rápida e eficaz. Ao invés disso, continuamos a olhar para os nossos umbigos à espera de que nos salvem. É realmente mais cómodo. Culpamos o mundo, os governos, os patrões, as pessoas pela nossa infelicidade e azares.  

Se queremos uma mudança, temos de mudar. É necessário sair da ilusão. É hora de assumirmos as nossas responsabilidades, e assim podermos agir de forma diferente. É certo que não podemos mudar as circunstâncias externas, mas podemos escolher a forma como lhes vamos responder. Vivemos tempo delicados e perigosos. De forma alguma atingimos a iluminação espontaneamente. Muitos iludem-se com palavras doces e aparentemente sábias. Seguem cegamente práticas ditas espirituais, sem saberem o que estão realmente a fazer. Mas como atingem um estado de paz, deixam-se iludir. Há toda uma consciência a ser trabalhada. Sair dos nossos próprios umbigos e perceber que fazemos todos parte de uma teia maior. É necessário querer ver, querer sentir, querer mudar. Dá trabalho. Mas dará frutos com toda a certeza. 

Esta nova Era está a começar. Se todos a acompanharão? Tenho sérias dúvidas. É preciso olhar o mundo em que nos encontramos. Não vivemos sozinhos.  Sabemos que o nosso trabalho atual dará à luz um novo Ser. Sabemos que todos nós seremos um dia os ancestrais. Temos uma grande responsabilidade em mãos. Somos os agentes catalisadores da mudança. Só alcançaremos a luz se vivermos as nossas sombras, e se nos propusermos a olhar e agir diferente na sociedade em que nos inserimos. 

É urgente uma nova versão da humanidade. Está nas mãos de cada um.

Elisabete Moreira 

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Elisabete Moreira

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