Andresa Cruz

Fisioterapia Pélvica na Saúde da Mulher

Por Andresa Cruz em Agosto de 2021

Tema Saúde / Publicado na revista Nº 22

A fisioterapia pélvica é a área de atuação da fisioterapia responsável pela saúde do pavimento pélvico, seja na manutenção e prevenção de disfunções bem como na recuperação funcional.

O pavimento pélvico é formado por um grupo de músculos, fáscias e ligamentos localizados na parte inferior do tronco. Se estende do cóccix até o púbis, formando nosso “chão pélvico”.

Todas as pessoas possuem pavimento pélvico, mas, por questões anatômicas, as mulheres estão mais predispostas às suas disfunções.

Antes de falarmos das disfunções é importante entendermos as funções do pavimento pélvico:

Função de sustentação: mantém a posição e bom funcionamento dos órgão pélvicos, nomeadamente útero, bexiga e intestino.

Função de continência: mantém nossa capacidade de não deixar escapar urina, fezes ou gases quando tossimos, espirramos ou fazemos algum esforço físico.

Função sexual: participa diretamente na função sexual.

Além dessas funções, atuam na estabilização abdominal e da coluna.

Em condições ótimas, somos capazes de manter todas essas funções. Entretanto, apesar de sua importância para qualidade de vida, o pavimento pélvico constitui uma região pouco conhecida e explorada pelas mulheres. Pesquisas mostram que em torno de 30% das mulheres não sabem ativar corretamente os músculos do pavimento pélvico. 


Por vários fatores esses músculos pode apresentar-se fracos, demasiado tensos, com dificuldades em coordenar contração e relaxamento ou mesmo lesionados, causando disfunções. A postura e respiração também estão envolvidas nas funções e disfunções pélvicas. As principais disfunções são:

Incontinências urinárias, fecais/anais: qualquer perda involuntária é incontinência. Independente da frequência ou volume perdido.

Prolápsos de órgãos pélvicos: quando um órgão pélvico sai do seu sítio e se projeta para dentro do canal vaginal, causando desconfortos, dores, incontinência urinária, obstipação intestinal crônica, sangramentos.

Disfunções sexuais: transtorno do desejo/excitação sexual, transtorno do orgasmo, transtorno de dor gênito pélvica (dor na relação sexual).

Bexiga hiperativa: vontade forte, súbita e inadiável de urinar, com ou sem incontinência, acompanhada de aumento de frequência urinária e despertares noturnos para urinar.

Obstipação intestinal crônica.

As disfunções de pavimento pélvico costumam ser associadas ao envelhecimento e gestação. Mas podem estar relacionados também a obesidade, sedentarismo, exercícios de alto impacto, doenças pré-existentes, tosse crônica, obstipação intestinal crônica. Hoje, cada vez mais, mulheres jovens, que nunca gestaram apresentam disfunções pélvicas. Estas impactam negativamente na vida das mulheres, podendo prejudicar suas interações pessoais, sociais e laborais. Limitam e condicionam os lugares frequentados, roupas e até seus hábitos alimentares.

Segundo a OMS, saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de enfermidade. Saúde não deve ser entendida como um fim, mas como um recurso para uma vida plena. Dessa forma, manter a saúde da região pélvica é fundamental.

É importante conhecer as disfunções pélvicas, saber que apesar de comuns, não são normais. E principalmente, saber que existe tratamento.

A educação em saúde e sexualidade é uma das ferramentas da fisioterapia pélvica. A primeira, e no meu entender, mais importante ação é promover saúde através da informação. Trazer para as mulheres o conhecimento sobre o funcionamento do próprio corpo. Muitas mulheres ainda consideram normal perder xixi ou sentir dor na relação sexual, não conhecem as respostas sexuais do próprio corpo ou como ter prazer.

Para além da educação, a fisioterapia possuem recursos para atuar direta ou indiretamente em todas as disfunções pélvicas. Evidências atuais mostram que a fisioterapia pélvica é capaz de curar ou melhorar os sintomas de todos os tipos de incontinência urinária. Seja no fortalecimento, relaxamento, controle do tônus, correções posturais, respiração ou medidas comportamentais.

Todas as mulheres deveriam passar por uma avaliação pélvica.  Conhecer o próprio corpo, sua condição, ter acesso a toda informação e recursos para manter, prevenir ou tratar disfunções, mantendo assim sua independência, liberdade e saúde plena.

Andresa Cruz



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