
No inconsciente coletivo, passamos a maior parte de todo o nosso tempo na busca de uma zona de conforto que, em tese, nos dá as devidas condições para ter uma boa vida. Assim, é ter um bom parto, ter uma boa alimentação (não em qualidade mas em fartura), ter uma boa escola e ser um aluno disciplinado e com boas notas, estudar , estudar... entrar em uma faculdade, se formar , ter um trabalho, trabalhar, trabalhar... ter uma aposentadoria tranquila. Para outros, passam uma vida inteira buscando essa zona de conforto de mil maneiras. Mas todos, buscando “aquela zona”. Quando tudo parecia estar no mais perfeito equilíbrio, a vida vira de cabeça para baixo.
Um vírus, sem cérebro (óbvio) entra dentro dos corpos humanos e se prolifera de forma espantosa, obrigando o mundo a parar. Mesmo assim, há uma resistência em ver isso como sendo uma solução. Tenho lido textos de inúmeros filósofos contemporâneos e todos são unânimes em afirmar que as respostas para essa pandemia ainda não existem, pelo menos dentro da maneira que pensamos até hoje. Ouvimos de dezenas de pessoas, no último ano, a seguinte frase “que as coisas como andam, não podem ir muito longe. Alguma coisa precisa acontecer para dar um basta”. Agora, que essa coisa chegou, a nosso pedido, estamos perplexos e atônitos. Ainda não conseguimos olhar com bons olhos para tudo isso, visto que o preço a ser pago é muito alto: desemprego, fome, morte.
Neste momento estamos cansamos de não fazer nada, cansamos de ler sobre a epidemia de COVID-19 e de tantas outras coisas que corroem nosso pensamento. Imaginamos que as pessoas sabem do caos que estamos metidos: uma pandemia assolando nosso pais, mortes se proliferando dia após dia, uma sensação de não sei o que fazer.
Uma nova consciência se impõe. Temo que nada disso que estamos passando sirva de lição para essa mudança e novas coisas serão necessárias para que façamos as mudanças que se impõe . E o que de pior pode acontecer? A vida já mostrou nos últimos 6 meses que o arsenal de medidas que podem ser utilizadas para “botar as coisas em ordem “ é estupenda. Agora, resta iniciar a faxina por dentro de cada um. Eu, dentro das minhas limitações, estou fazendo. E espero que consigamos fazer tudo aquilo que é preciso, para poder continuar em frente.
Por mais que possamos fazer, nossas atitudes devem refletir e ser condizente com aquilo que pensamos. Então, chega a pergunta que devo fazer a mim mesmo: “Como eu estarei saindo dessa crise? Que pessoa que me tornarei? Terei a compaixão como um sentimento preponderante em relação aos meus semelhantes? Diminuirei meu consumo a ponto de ser sustentável? Trabalharei o tempo necessário para meu sustento? Farei opções por produtos produzido por pessoas de minha comunidade, mesmo que seja um pouco mais caro? Comprarei produtos que não degradam a natureza e prestigiarei empresas respeitosas com seus empregados, consumidores e com o meio ambiente?"
Sonhamos com o dia em que ao acordar, possamos ler e ouvir notícias promissoras sobre todos nós. Sonhamos em sair e caminhar pelas ruas sem destino pelo simples fato de caminhar. Sonhamos em abraçar e ser abraçados, sem medo. Sonhamos estar em uma cafeteria conversando e confraternizando com amigos. Por hora, tudo isso é somente um sonho. E a única coisa que hoje nos sustenta: a esperança.
Desejo que sim. Aí, tudo o que estou vivendo, eu poderei dizer que valeu a pena.
Dorval Tessari, Claúdia Tessari e Carine Oliveira
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