
Auriculoterapia
Por Equipa de estudo em Métodos terapêuticos - Auriculoterapia em Dezembro 2020
A terapia que veio da China e se aperfeiçoou no Ocidente - Da evidência empírica à evidência científica
INTRODUÇÃO
A Auriculoterapia é um dos microssistemas mais usados como terapia transversal a áreas do conhecimento em saúde designadas como Integrativas, complementares e alternativas. Sendo muito utilizada no tratamento de várias condições como o alívio da dor, o abuso de substâncias, ansiedade, obesidade, para melhorar a qualidade do sono e para o tratamento de epilepsia, a auriculoterapia tem os seus mecanismos de ação baseados no sistema nervoso autónomo, no sistema neuroendócrino, relacionados a respostas reflexas do sistema nervoso.
Conseguiu impor-se pelos resultados obtidos e por apresentar uma abordagem pouco invasiva, aplicável a qualquer individuo em qualquer faixa etária podendo ser usada enquanto tratamento isolado ou complementar a uma outra intervenção. Trata-se de uma terapia praticada há milhares de anos.
Consiste na estimulação de pontos do pavilhão auricular externo (na superfície da orelha) que apresentam uma ligação reflexa com diferentes partes do corpo, órgãos e sistemas fisiológicas e funcionais.
Utiliza métodos como a acupuntura , a sangria, sementes e esferas em pontos específicos da orelha cujo propósito é obter um estímulo reflexo benéfico relacionado com o problema de saúde ou doença apresentada.
Para compreendermos melhor a Auriculoterapia, podemos inicialmente comparar com o conhecimento que se sabe sobre a Reflexologia, sendo que no caso da Auriculoterapia, os Mecanismos de Ação são atualmente melhor explicados à luz do conhecimento ciêntifico.
HISTÓRIA
A história da Auriculoterapia está espalhada por todo o mundo com relatos que são feitos ao longo dos séculos, que vão desde o Extremo Oriente à Europa do século XX.
NO OCIDENTE
No mundo ocidental, desde a antiguidade, existem relatos do estímulo do pavilhão auricular para tratamentos diversos. O texto clássico mais antigo do mundo, o Papiro de Ebers, em 1.500 aC, já relacionava a cauterização do pavilhão auricular ou a colocação de agulhas com o tratamento de problemas ginecológicos.
Na antiga Grécia, Hipócrates (460-370 aC), considerado como “o Pai da medicina ocidental, referiu que tirar umas gotas de sangue da orelha tratava problemas sexuais masculinos, como a impotência e facilitava a ejaculação, assim como para aliviar dor nas pernas.
Utilizando métodos como a cauterização, a sangria e a punção com agulha, povos na Península Itálica e no Médio Oriente estimulavam a orelha para curar doenças.
No Império Romano existem também relatos de métodos para tratar ciática, dor na anca e doenças sexuais.
Entre 1600 e 1800, as trocas comerciais entre a Europa e a China foram além da seda, porcelana, chá e especiarias. Os médicos da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais ficaram impressionados com a eficácia das agulhas, moxabustão, cauterização e corte de veias na região posterior da orelha para o alívio da dor ciática e da anca.
Entre o século XVIII e o século XIX, a estimulação do pavilhão auricular para tratar dores foi proposto por vários médicos como o português Zacutus Lusitanus para a dor ciática. Também o italiano Antonio Maria Valsalva, em 1717, refere a descoberta de um ponto que quando cauterizado podia aliviar a dor de dentes. Já o professor Ignazio Colla , em 1810, fez uso do ferrão da abelha para aliviar a dor nos membros inferiores. Após 1850, a cauterização da orelha para extração dentária recebe vários relatos de casos importantes.
NO ORIENTE
No Oriente, o registo mais antigo é feito no Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo, Huang Di Neijing. Escrito por médicos do Período dos Reinos Combatentes, entre 480-221 a.C., os capítulos 63 do Su Wen e no capítulo 20 do Ling Shu, descrevem técnicas para tratamento de dores nas costas e inconsciência com ligação à orelha. Outra relação importante deste livro liga o pavilhão auricular aos órgãos internos, assim como aos canais energéticos, estabelecendo assim, a importância desta zona corporal com o diagnóstico pela inspeção. Porém, os pontos não surgem organizados anatomicamente.
Sun SiMiao no livro Qian Jin Yao Fang (652 dC), descreve o uso de pontos auriculares para otratamento da icterícia. O uso de sangria numa veia atrás da orelha para tratar a convulsão infantil ou na ponta da orelha para o tratamento de doenças oculares são descritos ao longo da história da auriculoterapia na China. Zhang DiShan dividiu a parte posterior da orelha em cinco regiões e relacionou cada uma delas aos principais órgãos e vísceras (ZangFu) e alterações nessas respectivas regiões poderiam ser relacionadas a cada um dos 5 órgãos (Zang). Com base nesta divisão, Zhenjun Zhang, no seu livro Essential Techniques for Massage (Lizheng Anmo Yaosu) publicado em 1888, apresenta o primeiro mapa auricular com um desenho da face posterior da orelha mostrando áreas dos cinco órgãos Zang: Fígado, Coração, Baço, Pulmão e Rim.
a) Dr. Paul Nogier - Dr. Terry Oleson
b) Uso de agulhas
c) Uso de esferas/ sementes no Pavilhão auricular - Uso combinado de esferas, sementes e agulhas
SÉC. XX – UMA VIRAGEM HISTÓRICA REPRESENTA O PERÍODO DE APERFEIÇOAMENTO DA AURICULOTERAPIA NO MUNDO
UM CASO DE COOPERAÇÃO CHINA-OCIDENTE: DA CHINA AO OCIDENTE E “DEVOLVIDO” PARA O MUNDO GLOBAL COMO TÉCNICA E MÉTODO DE TRATAMENTO
No
século XX, na Europa Moderna que a auriculoterapia ganha notoriedade
internacional, com os esforços do Dr. Paul Nogier que inicia uma série
de estudos para entender os mecanismos de ação da auriculoterapia, e
propõe o primeiro mapa que representava um feto invertido e onde
descreveu a correspondência somatotópica na orelha, ou seja a
correspondência das áreas do corpo com a localização precisa na
superfície da orelha.
A AURICULOTERAPIA MODERNA DE PAUL NOGIER
Em
1957, o Dr. Paul Nogier, considerado por muitos como o pai da
Auriculoterapia moderna, apresentou o conceito do “Feto Invertido” na
orelha externa como forma de explicar a disposição dos pontos e a sua
correspondência com os órgãos. O seu trabalho foi primeiramente
publicado pela Sociedade Alemã de Acupuntura, depois no Japão e por fim
distribuído por toda a China. Em 1958, a equipa de pesquisa do Nanjing
Army Ear Acupuncture inicia um estudo massivo sobre os achados de
Nogier.
Foram recrutados mais de 2.000 pacientes do exército
de Nanjing para uma equipa de pesquisa de acupuntura auricular de forma a
estabelecer um modelo de auriculoterapia e os seus resultados
confirmaram as proposições de Nogier de 1958,
Como parte dos
esforços de Mao Tse Tung para ocidentalizar a medicina chinesa foram
ensinadas aos “médicos pés descalços” (Programa da política chinesa –
1968 - médicos camponeses com preparação intensiva e básica para atender
a população rural na China) as técnicas da acupuntura auricular para
que tratassem a população com esta terapia.
Em 1970, o médico
HL Wen, de Hong Kong, conduziu o primeiro ensaio clínico usando a
Auriculoterapia para a desintoxicação de ópium. Quase em simultâneo, em
1973, o americano Dr. Michael Smith, em Lincoln, aplicava a
Auriculoterapia para tratar a adição de drogas, álcool e nicotina.
Em
1974, os doutores Paul Nogier, Bahr e René J. Bourdiol, elaboraram um
mapa mais detalhado: “Loci Auriculomedicinae”, onde propõem
detalhadamente a localização de pontos de acupuntura auriculares.
Em
1980, realizou-se o primeiro estudo em maior escala, pela Universidade
da Califórnia em Los Angels (UCLA), pela equipa de Terry Olsen.
O RECONHECIMENTO INTERNACIONAL PELA OMS
Em
1982, o Escritório Regional do Pacífico Ocidental, Organização Mundial
da Saúde (OMS), convocou uma conferência para se discutir como eliminar
as diferenças de nomes e regiões duplicadas, sendo que em 1987, a OMS
lançou um relatório intitulado “Esquema de Padronização de Acupontos
Auriculares”. Posteriormente, pesquisadores chineses realizaram o
processo de padronização, publicando em 1993 o documento final sobre a
nomenclatura e a localização dos pontos de acupuntura auricular. Apesar
de ainda se verificar que a utilização de pontos de acupuntura auricular
na Europa ainda difere da prática chinesa, deve destacar-se que os
mapas chineses atuais correspondem fielmente aos mapas históricos de
Nogier publicados inicialmente.
Estudos de Nogier
influenciaram ainda a descoberta do sinal autónomo vascular que
consistia na mudança da frequência do pulso na artéria radial, após
estimulação da orelha, o fenómeno foi chamado inicialmente de “Reflexe
Auriculocardiaque”.
VISÃO OCIDENTAL E VISÃO ORIENTAL
A
Auriculoterapia possui assim duas linhas de pensamento e princípios, a
escola francesa do Dr. Paul Nogier e a escola oriental da Medicina
Tradicional Chinesa. Originalmente assente na prática da acupuntura da
China Antiga, foi já na França moderna que se desenvolveram os
pensamentos da correspondência somatotópica de determinadas partes do
corpo a determinadas partes do pavilhão auricular. Dentro da filosofia
oriental, a Auriculoterapia é explicada pela regulação da energia vital
“Qi” que circula pelos meridianos e canais colaterais. Quando surge o
desequilíbrio a pessoa torna-se frágil à doença e a Auriculoterapia é
capaz de harmonizar esse fluxo energético aliviando os sintomas. A visão
ocidental proposta por Paul Nogier assenta na observação pelo método
científico, nos fundamentos da anatomia e fisiologia. São dois os
sistemas somatotópicos que permitem os resultados da Auriculoterapia
praticada atualmente na Europa. Um baseia-se nas fibras nervosas
distribuídas pelo pavilhão auricular e trata-se de uma ação reflexa que
atua sobretudo no alívio da dor. O segundo sistema, descoberto por Odile
Auziech e Claudie Terral, da faculdade de medicina de Montepellier,
revela que existem pontos cutâneos de reduzida resistência elétrica que
corresponde a microformaçoes histológicas(celulares) designadas por
complexos neuro vasculares. A estimulação destes complexos através de
infravermelhos modifica a temperatura e a regulação térmica dos órgãos
internos modificando assim a sua função.
O principal princípio
da Auriculoterapia é a correspondência entre a cartografia do pavilhão
auricular externo e as condições patológicas nas partes homólogas do
corpo. Estes pontos surgem reativos apenas em situações de desequilíbrio
físico ou funcional. Assim, esta técnica identifica de forma mais
concreta áreas dolorosas no corpo do que as técnicas tradicionais da
medicina chinesa de diagnóstico pelo pulso ou pela língua. Estas
referências podem ser identificadas por áreas mais escurecidas, pálidas,
descamadas, e os pontos auriculares patológicos possuem maior
condutibilidade que outras áreas auriculares.
Quer a estimulação dos pontos reflexos auriculares quer a acupuntura sistémica mostram ser tratamentos eficazes.
MECANISMOS DE AÇÃO
Atualmente, existem vários estudos para perceber os mecanismos de ação da auriculoterapia. A justificação quanto aos seus efeitos parece não estar ligada apenas à penetração da agulha no pavilhão auricular externo, mas sim, à escolha dos pontos certos. É uma discussão extensa, mas quatro possíveis explicações são elucidadas:
(1) a Auriculoterapia atua por mecanismos diferentes da acupuntura sistémica;
(2) ação semelhante à da acupuntura, em que ativa meridianos, regulariza a função de órgãos, Qi (energia) e Xue (Sangue), com consequente normalização de trajetos dolorosos (Medicina Tradicional Chinesa);
(3) vias neuronais reflexas hipersensíveis conectam o microssistema auricular à região somatotópica corresponde no cérebro, que por meio da medula espinhal chega até a região dolorosa correspondente. Através da ativação da via inibitória descendente da dor do tronco cerebral ao longo do lado dorsal da medula espinhal, onde as células do corno dorsal estão localizadas, inibe a via ascendente da dor, os efeitos analgésicos da auriculoterapia são induzidos, aumentando a concentração de beta-endorfinas;;
(4) a auriculoterapia não depende de pontos
específicos, mas sim da região estimulada. A quarta explicação advém dos
estímulos na região da concha cava, inervada pelo nervo vago, ser capaz
de induzir a estimulação parassimpática. É possível que a
auriculoterapia funcione via mecanismo central de controlo da dor. No
entanto, se a analgesia proporcionada é por pontos específicos ou região
estimulada, permanece em discussão. O que se sabe é que o estímulo
auricular é um método cientificamente validado, até mesmo por
ressonância magnética funcional, não invasiva, de neuromodulação
cerebral.
O PADRÃO DO FETO INVERTIDO NA REPRESENTAÇÃO DAS ÁREAS CORPORAIS CORRESPONDENTES
Tal
como referido anteriormente, Paul Nogier criou o mapa do feto
invertido, observando a sua semelhança com a orelha, sendo este mapa a
referência mais amplamente usada para o diagnóstico e tratamento de
doenças auriculares.
O lóbulo da orelha representa a cabeça e o cérebro, as conchas representam os órgãos internos, a fossa escafóide representa os membros superiores, a cruz superior e inferior da anti-hélice representam os membros inferiores e a anti-hélice representa a coluna vertebral.
O estímulo da orelha aumenta o tônus vagal e regula os sistemas cardiovascular, respiratório, gastrointestinal e endócrino.
Este
estímulo pode diminuir a frequência cardíaca e a pressão arterial e
acelerar o fluxo sanguíneo e a variabilidade da frequência cardíaca
(marcador que afere o equilíbrio entre o sistema nervoso autónomo, o
simpático e o parassimpático).
DOS MATERIAIS Á TÉCNICA
Várias formas de estímulo podem ser usadas como agulhas, sementes, laser, moxabustão, eletroestimulação, acupressão e sangria.
Os pontos de auriculoterapia podem ser estimulados por:
- sementes (mostarda ou vacaria),
- agulhas de acupuntura (facial ou sistémica),
- agulhas semipermanentes,
- pellets (esferas) magnéticas,
- eletrofototerapia (laser ou estimulação elétrica nervosa transcutânea - TENS)
- pelos próprios dedos.
No
caso das sementes e esferas, estas devem ser estimuladas de três a
quatro vezes por dia, até o local tornar-se sensível, com trocas
semanais mediante a reavaliação do caso.
Um tratamento que varia entre 20 minutos a 1 hora pode atuar sobre várias condições de saúde.
AÇÕES, INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES
A
auriculoterapia é uma técnica usada para diagnosticar e tratar
disfunções físicas e psicossomáticas através do estímulo de pontos
específicos localizados no pavilhão auricular.
AÇÕES E INDICAÇÕES
A
auriculoterapia tem uma forte ação antinflamatória e analgésica sendo
indicada no tratamento de vários tipos de dor, como dor de dentes, dores
músculo-esqueléticas, dores no pós-operatório, enxaqueca, dores
relacionadas ao cancro e também dor relacionada à analgesia.
A
evidência da sua eficácia é comprovada em condições patológicas tais
como: cefaleias, tonturas, inflamação articular, dores na coluna
vertebral, dor reumatológica, dor decorrente de tratamentos oncológicos,
fibromialgia, neuralgia do trigémeo, náuseas, hipertensão, asma,
rinite, adição de substâncias nocivas, alergias, recuperação
pós-operatória.
PREVENÇÃO E MANUTENÇÃO DA SAÚDE
A
auriculoterapia pode também ser usada para a prevenção e manutenção da
saúde através da ação nos sistemas imunológico, endócrino, nervoso,
digestivo e outros, sendo indicada para problemas físicos e psíquicos.
Esta
prática deve ser executada por um profissional habilitado. Inclui
profissionais das Terapêuticas não Convencionais com cédula profissional
e outros profissionais de Saúde com formação básica e avançada na área.
O DIAGNÓSTICO PELA ORELHA
Da
mesma forma que processos patológicos internos, instalados ou que ainda
não se manifestaram, podem ter representação na orelha sob a forma de
sinais como coloração e textura, ou através da alteração da
sensibilidade no respectivo ponto quando pressionado, podendo ser
confirmado por avaliação da condução elétrica em determinado ponto por
intermédio de um detetor específico para esse efeito (Ohmímetro
adaptado). Desta forma, a avaliação auricular é importante no
diagnóstico da doença ou da predisposição para o aparecimento de um
determinado processo patológico.
CUIDADOS E CONTRAINDICAÇÕES
Durante
o estímulo podem ocorrer sintomas de mal-estar como fraqueza, tonturas,
desmaio, hipotensão, entre outros, especialmente em pessoas que se
encontrem em estados de debilidade ou fraqueza geral, sendo recomendado
nestes casos estímulos mais suaves.
O estímulo de alguns
pontos é contraindicado em grávidas, especialmente pontos relacionados
ao trato urogenital e sistema hormonal.
Pessoas que apresentem no pavilhão auricular eczema, feridas, úlceras ou lesões, não se recomenda a aplicação desta técnica.
O
uso de algumas técnicas também pode ser contraindicada em algumas
condições como o estímulo elétrico para portadores de pacemaker ou as
técnicas de sangria em distúrbios de coagulação.
DESCOBERTAS CIENTÍFICAS E AVANÇOS NO OCIDENTE [INFORMAÇÃO ADICIONAL]
As
descobertas mais importantes no campo da auriculoterapia aconteceram a
partir dos estudos do Dr. Paul Nogier e da relação dos efeitos reflexos
da auriculoterapia com o sistema nervoso, explicados pela origem
embriológica de cada tecido. O pavilhão auditivo é uma das poucas
estruturas corporais que têm representação dos três tecidos
embriológicos primários, e cada parte inervada por ramos distintos faz
relação, segundo o Dr. Nogier, com áreas reflexas específicas. A
inervação de pares cranianos como o nervo Vago, o Trigémeo, Facial e
Glossofaríngeo, assim como de ramos do Plexo Cervical em partes
específicas da orelha, estariam ligados a características de cada zona
descrita pelos mapas de localização dos pontos se relacionarem com uma
área reflexa específica.
Os resultados clínicos obtidos com o
uso da auriculoterapia estimularam pesquisadores de diversas partes a
buscar tanto os mecanismos de ação da auriculoterapia, quanto a propor
tratamentos que pudessem ser avaliados em relação à sua eficácia, em
relação a diversas patologias. Assim sendo, houve a necessidade de
estabelecer protocolos terapêuticos, que pudessem ser aplicados em ampla
escala e mensurados para verificação da eficiência da auriculoterapia.
Protocolos
como NADA protocol (National Acupuncture Detoxification Association
protocol), BFA (Battlefield Acupuncture) e ATP (Auricular Trauma
Protocol) surgiram como uma forma de padronização de tratamentos com
benefícios tanto para a disseminação do uso da auriculoterapia, quanto
para a possibilidade de reprodução terapêutica, o que facilita a o seu
uso em estudos para pesquisas.
USO NO ABUSO, NA DOR E STRESS PÓS TRAUMÁTICO
O
protocolo NADA consiste no uso dos pontos: Pulmão, Fígado, Rim, Shenmen
e Simpático, com o objetivo inicial de tratar dependentes químicos em
processo de desintoxicação. Battlefield Acupuncture (BFA) propõe o uso
dos pontos Tálamo, Giro Cingulado, Omega 2, Ponto Zero e Shenmen para
tratamento da dor, com o objetivo de uso em zonas de conflito e campos
de batalha. Auricular Trauma Protocol (ATP) consiste no uso dos pontos:
Master Cerebral, Amígdala, Hipotálamo, Hipocampo, Insula, Vago, Ponto
Zero, Shenmen, como uma variação do protocolo NADA para tratamento de
traumas psicológicos, como o Transtorno de Estresse Pós-traumático.
Os
trabalhos de estudo e pesquisa em auriculoterapia continuam a ser alvo
de estudo por parte da comunidade cientifica que continua a
surpreender-se com o potencial terapêutico que tem vindo a ser
apresentado com cada vez mais pesquisas de maior abrangencia e melhor
qualidade.
VANTAGENS COMPARADAS A OUTRAS TERAPIAS
O
baixo custo, a facilidade de aplicação e por ser um recurso
não-farmacológico são uma grande vantagem para o uso e a propagação da
técnica.
Indicações muito vastas
Efeito rápido
Fácil utilização e aprendizagem
Económica e não invasiva
Poucos efeitos secundários
Permite diagnóstico energético
Prevenção de patologias
d) e) Regiões anatómicas do Pavilhão auricular
f) Inervação do pavilhão auricular
g) h)Comparação da posição do feto invertido com as regiões anatómicas correspondentes na orelha
i) Avaliação da resistência elétrica dos pontos e tratamento por electroestimulação
j) Mapa adicional
k) Disposição
dos pontos no Mapa auricular (com pontos Franceses – P. Nogier -,
e Chineses)
Prof. Ricardo Picão Rodeia
Grupo de estudo de alunos do 1º Curso de Licenciatura em
Acupuntura da ESSNorteCVP
- Carla Machado;
- Patrícia Nunes;
- Luíz Júnior;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Hou, P. W., Hsu, H. C., Lin, Y. W., Tang, N. Y., Cheng, C. Y., & Hsieh, C. L. (2015). The History, Mechanism, and Clinical Application of Auricular Therapy in Traditional Chinese Medicine. Evidence-based complementary and alternative medicine : eCAM, 2015, 495684. https://doi.org/10.1155/2015/495684
2. Levy, C. E., Casler, N., FitzGerald, D. B.(2018) Battlefield Acupuncture: An Emerging Method for Easing Pain, American J.ournal of Physical Medicine & Rehabilitation. 97 (3), 18-19 doi: 10.1097/PHM.0000000000000766
3. Munisteri J. P. (2017). Managing Post Trauma Reactions-Changing the Dialogue and Protocols. J Trauma Stress Disor Treat, 6:3. DOI: 10.4172/2324-8947.1000177
4. Oleson, T. (2014) Auriculotherapy Manual: Chinese and Western Systems of Ear Acupuncture, Fourth edition. London : Churchill Livingstone.
5. Rabischong, P., & Terral, C. (2014). Scientific Basis of Auriculotherapy: State of the Art. Medical acupuncture, 26(2), 84–96. https://doi.org/10.1089/acu.2014.1038
6. Saad, M., Medeiros, R. (2010). Acupuntura do campo de batalha Einstein: Educ Contin Saúde. 8 (2), 94-95
7. Stuyt, E. B., & Voyles, C. A. (2016). The National Acupuncture Detoxification Association protocol, auricular acupuncture to support patients with substance abuse and behavioral health disorders: current perspectives. Substance abuse and rehabilitation, 7, 169–180. https://doi.org/10.2147/SAR.S99161
8. Wirz-Ridolfi A. (2019). The History of Ear Acupuncture and Ear Cartography: Why Precise Mapping of Auricular Points Is Important. Medical acupuncture, 31(3), 145–156. https://doi.org/10.1089/acu.2019.1349
9. Artioli, D., Tavares, A., Bertolini, G., 2019, Auriculotherapy: neurophysiology, points to choose, indications and results on musculoskeletal pain conditions: a systematic review of reviews, BrJP, (2), 356-61, disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2595-31922019000400356
ARTIGO MAIS VISTO

Reforçar a imunidade é urgente
Um contributo da medicina tradicional chinesa na luta contra o COVID-19
Se alguém me dissesse, há ...
Ler mais
OUTRAS LEITURAS
Memórias de um Despertar
Por Pedro Elias
Ler mais