Grandes Mulheres Portuguesas na Modernidade

Por Revista Espaço Aberto em Março de 2022

Tema Sociedade / Publicado na revista Nº 25

Amália Rodrigues 

Amália da Piedade Rebordão Rodrigues nasceu em 23 de julho de 1920, em Lisboa.

Foi cantora, atriz e fadista, tendo sido considerada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX a nível internacional.

Foi mundialmente conhecida como a rainha do Fado, género musical que tem um papel da maior relevância no património cultural imaterial da cultura portuguesa, lusófona e inclusive universal.

Uma das suas maiores contribuições para a evolução do fado foi a introdução inovadora de cantar poemas, incluindo poemas de grandes figuras históricas como Luís de Camões ou o rei D. Dinis e dos maiores poetas seus contemporâneos, como David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Mello, José Carlos Ary dos Santos, Alexandre O'Neill ou Manuel Alegre.

Amália Rodrigues representou Portugal em todo o mundo, de Lisboa ao Rio de Janeiro, de Nova Iorque a Moscovo, de Tóquio a Roma, da Cidade do México a Londres, de Madrid a Paris.

Durante a sua vida, 170 álbuns foram editados com o seu nome em 30 países, vendendo mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo,

Promoveu de forma sublime o fado, a cultura portuguesa e a lusofonia.

Faleceu em 6 de outubro de 1999, estando atualmente sepultada no Panteão Nacional, onde repousam individualidades consideradas expoentes máximos da nacionalidade portuguesa.

Maria de Lourdes Pintasilgo

Do seu nome completo Maria de Lourdes Ruivo da Silva de Matos Pintasilgo nasceu em 18 de janeiro de 1930, em Abrantes.

Licenciou-se em Engenharia Químico-Industrial pelo Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Trabalhou na Junta de Energia Nuclear e no setor privado.

Desde nova que a sua experiência espiritual de inspiração cristã e, mais tarde, os seus empenhamentos cívicos, sociais e políticos alcançaram uma dimensão nacional e internacional. Foi presidente da Juventude Universitária Católica Feminina, co-presidente do I Congresso Nacional da Juventude Universitária Católica, presidente da Pax Romana– Movimento Internacional de Estudantes Católicos e presidente do Congresso Mundial de Estudantes e Intelectuais Católicos.

Foi Procuradora da Câmara Corporativa nas X (1969-1973) e XI legislaturas (1973-1974) do regime do Estado Novo,

Em 1973, foi nomeada presidente da Comissão para a Política Social relativa à Mulher, posteriormente Comissão da Condição Feminina e atualmente Comissão da Cidadania e Igualdade de Género, organismo governamental ligado à promoção da igualdade entre mulheres e homens.

Após a revolução de 25 de abril de 1974, ocupou o cargo de Secretária de Estado da Segurança Social do I Governo Provisório e Ministra dos Assuntos Sociais dos II e III Governos Provisórios, entre julho de 1974 e março de 1975.

Foi presidente da Comissão da Condição Feminina e embaixadora de Portugal junto da UNESCO.

Em 1979, o então Presidente da República, general António Ramalho Eanes, convidou-a para liderar o V Governo Constitucional, um governo de gestão incumbido de preparar as eleições legislativas intercalares marcadas para 2 de dezembro desse ano.

Foi a primeira mulher portuguesa a assumir o cargo de chefe do Governo. Foram características da sua atuação governativa uma liderança dialogante, bem como a manifesta preocupação de justiça social que inspirou a atividade legislativa e politica daquele período.

De 1981 a 1985, foi consultora da Presidência da República, gerindo durante essa época o assunto de Timor-Leste.

Em 1986, foi candidata independente à Presidência da República. De 1987 a 1989, foi Deputada ao Parlamento Europeu, com a qualidade de independente integrada no Grupo Socialista.

Faleceu em 10 de julho de 2004.

Maria Teresa Lobo

Do seu nome completo Maria Teresa de Almeida Rosa Carcomo Lobo, nasceu em 18 de fevereiro de 1919 em Malanje, Angola, de ascendência goesa.

Licenciada e mestre em Direito pela Faculdade de Direito pela Universidade de Lisboa. Foi notária e professora do ensino secundário em Macau e chefe do Gabinete de Estudos Económicos e Financeiros do Banco Nacional Ultramarino em Moçambique.

Em 1970, foi designada como Subsecretária de Estado da Saúde e da Assistência, tendo sido a primeira mulher a fazer parte do Governo de Portugal, então liderado por Marcello Caetano. Desempenhou o cargo até 1973, tendo tido um papel relevante na aprovação da legislação que reconhece, pela primeira vez, a universalidade do direito de todos os cidadãos à saúde, e na criação da rede pública dos Centros de Saúde

Em 1973, foi eleita Deputada à Assembleia Nacional pelo Estado da Índia Portuguesa, tendo sido presidente da Comissão Parlamentar da Saúde, Trabalho, Providência e Assistência.

Após a revolução de 25 de abril de 1974, mudou-se para o Brasil, tendo sido gestora, dirigente da Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras, advogada e juíza federal do Estado do Rio de Janeiro. Foi membro do Conselho Permanente da Associação de Juristas de Língua Portuguesa e da Academia Brasileira de Ciências Políticas, Económicas e Sociais.  Faleceu em 8 de dezembro de 2018.

Maria Teresa Lobo
Maria de Lourdes Pintasilgo
Carolina Beatriz Ângelo

Carolina Beatriz Ângelo 

Carolina Beatriz Ângelo nasceu a 16 de abril de 1878, em São Vicente, concelho da Guarda.

Em 1903, iniciou a sua prática como a primeira médica cirurgiã portuguesa e especializou-se em ginecologia, dedicando-se intensamente a esta atividade.

Paralelamente à sua carreira médica, reforçou a sua visão social com um ativismo cívico e político.

Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher de um país do sul da Europa a exercer o direito de voto, em maio de 1911, no âmbito das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, que foram convocadas na sequência de necessidade da elaborar uma Constituição após a revolução republicana de 5 de outubro de 1910.

Este feito foi alcançado na sequência de uma batalha administrativa e judicial, aproveitando o facto da legislação eleitoral não fazer referência expressa ao sexo dos eleitores.

Rapidamente, a legislação foi alterada de forma a excluir as mulheres do direito de voto.

Além da luta pelo direito de voto feminino, Carolina Ângelo empenhou-se na luta pela proteção das mulheres grávidas e das crianças, pela equiparação dos salários de ambos os sexos, pelo alargamento do serviço militar obrigatório às mulheres e pelo reconhecimento legal do divórcio. Morreu no dia 3 de outubro de 1911.

Isabel Rilvas
Maria Helena Vieira da Silva
Florbela Espanca

Isabel Rilvas 

Isabel Manuela Teixeira Bandeira de Melo, mais conhecida como Isabel Rilvas, nasceu em Lisboa, em 8 de janeiro de1935, é uma ex-piloto portuguesa, notória por ter sido a primeira mulher paraquedista portuguesa e impulsionadora para a criação das Enfermeiras Paraquedistas

Foi também a primeira piloto acrobata da Península Ibérica, bateu o recorde português de voo sem motor, e a primeira piloto, entre homens e mulheres, de balões de ar quente da Península Ibérica.

Marcou a história das mulheres portuguesas e de Portugal no seu todo quando, em 1961, formou as enfermeiras paraquedistas portuguesas, conhecidas então como “As Seis Marias”, que tiveram um papel da maior relevância na prestação de cuidados de saúde a muitos militares destacados para a Guerra Colonial (1961-1974).

Maria Helena Vieira da Silva 

Nasceu em Lisboa, em 13 de junho de 1908. Foi uma pintora portuguesa, naturalizada francesa em 1956., considerada uma das principais referências da arte do seculo XX a nível nacional e internacional.

 Mudou-se para Paris em 1928, onde residiu a maior parte da sua vida, Inscreveu-se, em 1928, na Académie de la Grande Chaumière, onde encontra aquele que viria a ser o seu grande amor, o pintor de origem húngara Árpád Szenes.

Após ter dedicado à escultura, dedicou-se à pintura e à gravura, tendo estudado com Dufresne, Waroquier, Friesz, Fernand Léger, Bissière e Hayter. Em 1939, a artista deixou Paris e voltou à Lisboa devido a 2ª Guerra Mundial, confiando suas obras e ateliê à galerista Jeanne Bucher. No ano seguinte, partiu para o Brasil, onde conviveu com outros artistas europeus que se exilaram naquele país. O seu talento tornou-se bastante conhecido no Brasil.

Em 1947, regressou a Paris, A artista viu o seu trabalho reconhecido no seu tempo e continua a ser hoje uma das artistas mais celebradas na Europa e no mundo após a Segunda Guerra Mundial. As suas subtis composições abstratas e geométricas plenas de poesia têm sido objeto de várias exposições em diversos países. Em 1994, foi publicado pela Skira o catalogue raisonné e monografia do seu trabalho sob a direção de Guy Weelen e de Jean-François Jaeger. As suas obras fazem parte de inúmeras coleções relevantes em todo o mundo, entre as quais: Museu de Arte Moderna de Nova Iorque; Museu Solomon R. Guggenheim, Nova Iorque; Tate, Londres; Museu Stedelijk, Amsterdão; e o Centre Georges Pompidou, Paris.~Em 1990, foi fundada em Lisboa a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva. Faleceu em 6 de março de 1992.

Florbela Espanca 

Nasceu em 8 de dezembro de 1894, em Vila Viçosa. Nasceu como Flor Bela Lobo, tendo adotado o pseudónimo Florbela d'Alma da Conceição Espanca.

Em 1917, foi a primeira mulher a ingressar no curso de Direito da Universidade de Lisboa.

A sua vida, de apenas 36 anos, foi plena, embora agitada e cheia de sofrimentos íntimos.

Escritora notável, com um forte caráter sentimental, confessional, sempre marcado pela paixão, tornando-se uma das maiores referências da literatura portuguesa e lusófona do seculo XX.

A poesia de Florbela Espanca foi caracterizada por um forte teor confessional, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo. Os seus temas prediletos foram o amor, a saudade, o sofrimento, a solidão, morte e a busca da felicidade

Escreveu também contos e cartas, mas foi na poesia e no soneto em particular que encontrou a melhor via para manifestar a sua criatividade.

Não fez parte de nenhum movimento literário, mas o seu estilo remete à poesia romântica, com forte teor emocional.

Faleceu em 8 de dezembro de 1930. 



ARTIGO SUGERIDO

Ansiedade – a face oculta da pandemia

Ansiedade – a face oculta da pandemia

Até bem pouco tempo atrás, algo como 6 meses, a humanidade seguia seu rumo a um destino imaginário, ...
Ler mais