
Porque é que ISTO nos está a acontecer?
Por Anandi Ana Isabel em Março de 2022
Na Terra, o Homem fala constantemente no tempo, na falta de tempo, como o tempo corre e voa, todavia o tempo sempre foi o tempo, sempre fluiu à mesma velocidade e os relógios e cronómetros sempre o mediram com base no mesmo padrão: os ciclos naturais que regulam a vida cósmica.
A aflição, a ansiedade que julgamos gerada pela “falta de tempo” não será antes gerada pelo modo como usamos o nosso tempo?
Nas sociedades humanas do século XXI, o ser humano tem uma multiplicidade de opções para uso do tempo. E quando não estamos cingidos a uma única rotina possível, é crucial sabermos aplicar critérios de escolha adequados para priorizarmos as nossas atividades de acordo com os objetivos a atingir [1]. É, também, imprescindível termos autodomínio para executar a agenda definida com base nos objetivos e nos critérios adotados.
A nítida ausência de definição de objetivos; de adoção de critérios de escolha que levem à priorização das atividades e, ainda, a dificuldade de cumprir a agenda quando se conseguiu executar as ações precedentes, afiguram-se fatores explicativos dos níveis de hiperatividade e de ansiedade vividos por uma larga faixa da população: essencialmente aqueles que têm acesso a uma maior variedade de opções de ocupação do seu tempo.
Aqueles que são geralmente denominados “info excluídos” sofrem indiretamente a pressão vivida pelas outras pessoas na forma de negligência; abandono; atropelo e desconsideração. Em geral, serão os idosos dependentes, as pessoas com incapacidade e as crianças, ou seja, os mais frágeis e/ou dependentes da chamada “população ativa” [2]. Como tendem a permanecer à margem da ocupação frenética dos “hiperativados”, frequentemente sentem-se diminuídos, impotentes, sem préstimo e um encargo que outros têm de suportar. Então, instala-se a depressão ou a revolta consoante a sua natureza mais submissa ou combativa.
Moral da história: para novos tempos, novas atitudes e comportamentos. Revelamos precisar de voltar à “escola”, não uma escola que nos atulhe a memória de factos passados e de conhecimentos mortos, antes uma escola das emoções e dos afetos na qual façamos um percurso de reconciliação da nossa dimensão humana com a evolução tecnológica, para que a engenharia permaneça no seu lugar e não seja imposta ao ser humano como a “psicologia mecanicista” que força seres humanos a comportarem-se à semelhança de “máquinas”.
Quando, em verdade, até as máquinas revelam sensibilidade a fatores ambientais e energéticos, não somos nós, Homens, que temos por vocação ser “biónicos”. Esta falácia, apresentada à Humanidade por seres cuja mente se obscureceu e cujo coração esfriou, representa uma deturpação grave no caminho da Humanidade.
Tal afirmação não carece de fundamentação adicional, para aqueles que estão a par dos números astronómicos que o consumo de medicação psicotrópica – ansiolíticos, antidepressivos e outros – atingiu nos tempos atuais.
É caso para pensar “pobres meninos ricos” somos nós Homens nos tempos atuais. De que nos serve uma esperança média de vida alongada para vivermos entre paredes de betão, fisicamente intoxicados, psicologicamente miseráveis e afetivamente isolados?
O confinamento já acontecia antes de ser tornado visível por decisões executivas de governos autocráticos que desgovernam as sociedades. Os governos que permitimos governar constituem o reflexo das nossas mentes e corações deturpados que também nos desgovernam e adoecem.
Apenas quem perdeu a capacidade de governar-SE pode aceitar que governos incompetentes e ostensivamente mal-intencionados se sucedam na governação do seu país; pode aceitar a imposição de confinamentos absurdos e não fundamentados; pode aceitar ir obedientemente injetar-se com substâncias experimentais de efeito desconhecido ou duvidoso, apenas porque o “Governo disse”, aquele mesmo Governo que é vilanizado nos cafés.
Se compreendes esta mensagem, tens um papel importantíssimo na mudança de rumo da nossa sociedade e apenas o poderás realizar se te abstiveres de julgar aqueles que ainda não compreendem; se te focares em ser o exemplo do futuro que preconizas; e se viveres esse futuro no agora que é o único momento em que a mudança pode acontecer.
As nossas crianças e jovens – o nosso futuro – não precisam de heróis de feitos mediáticos, precisam apenas que humildemente sejamos o melhor de nós mesmos HOJE.
Anandi Ana Isabel
[1] – Para que a definição de objetivos leve um ser humano à realização holística, este precisa de investigar e refletir sobre o seu propósito de vida, aquilo que verdadeiramente o motiva, o move e, quando concretiza, o faz sentir-se completo. No entanto, enquanto ainda não estiver claro qual o seu propósito de vida, a pessoa pode e deve definir objetivos, para que a sua ação não seja errática nem incongruente, trazendo raiva e frustração em relação aos resultados e até desenvolvendo sentimentos de medo paralisador.
[2] – O caso dos jovens é um pouco diferente, porque a sua autonomia no acesso à tecnologia e às inúmeras distrações – divertimentos tóxicos em termos psico-físicos - já os aproxima dos adultos ativos, no sentido em que desenvolvem síndromes de hiperatividade, ansiedade e depressão. Conquanto, na dimensão afetiva, encontram-se numa situação mais semelhante às crianças, pessoas com incapacidade e idosos dependentes, pois também sofrem de negligência e de abandono e tornam-se funcionalmente independentes, enquanto emocionalmente impreparados para a auto-suficiência, subsistência e vida afetiva saudável. Digamos que o seu processo formativo ao nível das emoções e dos afetos fica truncado, deixando-os impreparados para a vida ativa ou pelo menos severamente condicionados em relação aos níveis de realização expectáveis em sociedades desenvolvidas.
ARTIGO SUGERIDO

Como a tua atitude muda o teu destino
Vivemos num mundo onde a própria sociedade determina o ritmo da nossa vida: pressões sociais, ...
Ler mais