
A vida está suspensa, quando afirmávamos não se poder parar, que era assim, a correria, o dia a dia, as exigências, e que nada mudaria. A vida está suspensa à espreita do vazio, do desconhecido, do inesperado.
O ser humano e o planeta foi obrigado inesperadamente a mudar de rumo, a olhar para dentro, a estarmos sozinhos, ou demasiado acompanhados e a ter de lidar com o “ninguém sabe o que vai acontecer” amanhã.
Habituados a não viver no momento presente todos estes acontecimentos geram nos nossos processos internos cognitivos uma reviravolta, angústia, ansiedade e medos porque confinados à zona de conforto, às rotinas, ao pré-estabelecido, ao que se pensa ser capaz de controlar, mas nada disso é verdade, porque a vida não se controla.
Em constante “pensamento acelerado” como define Augusto Cury, vivíamos o nosso dia-a-dia num excesso de atividades e de estímulos sociais, que nos impedia o desenvolvimento das funções da inteligência, como refletir antes de reagir, expor e não impor, exercer a resiliência, deficit de concentração, cansaço excessivo, hiper construção de pensamentos a uma velocidade extremamente desgastante e até alguns sinais e sintomas físicos de extremo cansaço. Pretendíamos várias vezes uma paragem, carregar num botão de stop desta louca viagem, estabelecer novas prioridades na nossa vida.
E a vida foi colocada em modo de pausa…e agora?
Enquanto corríamos e pensávamos demasiado, tudo a 1200% como assim exigia o desempenho profissional, pessoal e familiar, procurávamos não sentir o que efetivamente tinha de ser alterado na nossa vida, o que nos tornava infelizes, que nos causava um sentimento de que algo não estava bem, mas não era possível parar para sentir e modificar o que estava a acontecer., ou apenas para valorizar efetivamente o que já tínhamos de tão bom na nossa vida e nem nos apercebíamos.
Sentir, no silêncio, na quietude…
Agora temos tempo, mas os pensamentos e as nossas emoções podem fluir descontroladamente e de uma forma negativa se não os soubermos observar, encaixar, e entender que são isso mesmo Pensamentos e que não correspondem, na maior parte das vezes, à realidade, que não estão efetivamente a acontecer. Que são apenas fruto das nossas convicções, cultura, mitos e crenças, a maior parte das vezes limitadoras, bem como medos transmitidos geracionalmente ou adquiridos ao longo da nossa vida.
O que temos então de aprender a gerir, neste momento da doença Covid 19 e tudo que ela representa? Os nossos pensamentos e as nossas emoções geradores de stress, angústia, preocupação excessiva e ansiedade.
“A nossa visão só se torna mais clara quando olhamos para dentro do nosso próprio coração. Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta”. Carl Jung
De que modo a hipnoterapia pode ajudar neste momento tão dramático e assustador provocado por esta pandemia mundial?
Segundo Milton Erickson, “ A hipnose é utilizada, não como cura, mas como o meio para facilitar um ambiente favorável à (re) aprendizagem” Assim, e ainda segundo o mesmo “Hipnose é um estado alterado de consciência, ou é um estado de consciência no qual o conhecimento que você adquiriu durante toda sua vida e que você usa automaticamente torna-se, de repente, disponível.”
O que a hipnoterapia pode nesta fase ajudar é a alterar os registos ou padrões mentais de medo e de ansiedade que são gerados automaticamente e procurar substitui-los, através de um relaxamento profundo, e desvio do foco mental para sensações de bem estar , harmonia, tranquilidade e renovação interior. Através das sugestões hipnóticas poderá reprogramar a sua mente para mudanças significativas no seu estado físico e mental, e consequentes alterações de perceção, comportamentos e sentimentos que poderiam não o estar a ajudar a gerir as suas emoções e pensamentos no momento.
A Organização Mundial de Saúde define a saúde mental como «o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere» (OMS, 2002). Portanto, define a Saúde Mental não só como a ausência de doença, mas como uma situação de bem-estar físico, mental e social.
Aprender a gerir os nossos pensamentos e emoções é a chave para uma mente mais calma, mais tranquila, mais saudável e mais capaz de gerir todas as vicissitudes e obstáculos que nos vão surgindo nesta maravilhosa, mas também turbulenta viagem que é a vida.
Quando a circunstância é boa, devemos desfrutá-la; quando não é favorável devemos transformá-la e quando não pode ser transformada, devemos transformar a nós mesmos. Viktor Frankl
Sim, a vida está suspensa, mas enquanto existir haverá sempre uma solução.
Alexandra Martins
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