"A Rua Azul"
Por Ana Isabel Vieira em Janeiro de 2011
- As ruas são planos,
- Oblíquos ou de topo,
- Não há ponteiros
- Nem números ou anos,
- Não há refúgios
- De cinzas ou isqueiros
- De máscaras ou panos
- Choros ou sorrisos falsos
- De cheiros
- A ricos enganos
- De homens descalços.
- Perdidos homens?
- Não há! Chegam sozinhos
- Ficam juntos, sorridentes
- Já perguntam se vens
- Sabem os caminhos
- Procuram mais dormentes,
- Das ruas sem cor,
- Que perdem os espinhos
- Quebram as correntes
- No mar do amor
- A Rua Azul…”
É isto que eu quero no futuro, a rua azul onde todos sabemos que tínhamos problemas mas juntos nesta rua eles desaparecem. Nós fazemo-los desaparecer. Não há necessidade de nos refugiarmos em computadores, bebidas, drogas, não temos que pensar em estudar para ter um bom emprego com dinheiro, não temos horários e regras para tudo o que fazemos (até coisas naturais como comer, dormir que deviam vir na hora em que as necessidades de cada um pedissem), não temos que tomar decisões a toda a hora, não temos que decidir já o futuro e trabalhar para que esse futuro seja seguro a nível financeiro, podemos viver um dia de cada vez e deixar-nos levar até ao presente de amanhã sem stress.
Na rua azul só sabemos RIR, RIR, RIR (…), e mais RIR. Curtir a Natureza, uma árvore azul e verde, com pássaros azuis, e muitas folhas, (algumas laranjas) todo o ano. Um sol sempre presente, um sol verde talvez. E é isto… Uma rua onde juntos rimos e desfrutamos da natureza, só! Porque só isto é saber viver…
Ter muitos animais, não ter carros, viajamos onde estivermos a pensar ir, e não precisamos de médicos. A nossa saúde mantém-se através do que as plantas desta rua nos dão, está no que as outras pessoas nos dão, está nos sorrisos e no amor, está em nós!...
E muito importante, na rua azul não há relógios…
Na verdade o mais importante e real, é que as pessoas fiquem unidas e tenham a percepção que somos todos iguais e que o resto são apenas circunstâncias da vida que calharam a cada um de nós e que podiam ter calhado a qualquer pessoa. Deste modo esperasse que as pessoas não se atraiçoem umas às outras nem ao planeta que temos e que podia ser azul (podíamos ter um planeta azul, e não apenas uma rua), mas que está a ser destruído e tem demasiadas cores, mas tem cada vez menos azul e verde.
Enquanto isso…
- Todos temos problemas
- Todos respiramos a custo
- Comemos dilemas
- Perdemos o gosto,
- A confiança,
- De escrever poemas
- Com um rosto de liderança…
- Com visão do desgosto
- De liberdade refém
- Suor e ganância,
- Como escrever bem?
- Até o peito inchado
- Esconde a asa quebrada
- Um olhar iluminado
- Pelo pesado rímel
- Está ferido pela espada
- Que troca o carrossel
- Anda em contra- volta
- Escuta o pincel
- E sente a revolta.
- Todos temos um olhar vazio
- Todos temos sombrias casas
- Todos temos frio
- Todos temos asas
- Para esconder paredes
- E voar outras ruas
- Sem correntes e redes…
- Juntos passamos pelos anos
- Sem dar conta,
- Dos erros,
- Das quedas e enganos…
Então espero… E continuo, a estudar, a trabalhar, a refugiar-me e mascarar-me para um dia ter a independência, ter a coragem de ser corajosa, ter a ousadia de construir, de encontrar a Rua Azul.
E aí poderei dizer,
- Rebentas os nós, as cordas…
- Na paragem, a espera.
- Acordas…
- É com fome que engordas
- Juntos, a aliança supera.
- Juntos voltamos
- A ter cor e pintar
- Um voo onde embarcamos
- A preencher as ruas
- A encher as almas nuas
- De nós que rebentamos
- E são agora telas
- De boas paragens
- Que pintamos
- E é onde te revelas…
Às vezes cruzo-me com esta rua…
- (Dedicado a Ana Reis que redescobriu comigo esta rua.)
- Ana Isabel Vieira
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