Dulce Pombo

Qi

Por Dulce Pombo em Outubro de 2021

Tema Desenvolvimento Pessoal / Publicado na revista Nº 23

No Ocidente por Qi, Chi ou Ki. A primeira nomenclatura, Qi, surgiu na  transcrição do chinês para o nosso alfabeto. A segunda, Chi, deriva da forma como se  pronúncia em chinês. A terceira – Ki -  é a versão japonesa, país onde o livro mais antigo, com referência ao Qi, data de 2.600 anos atrás.

Embora não haja correspondência direta com este conceito no Ocidente, algumas ideias relacionadas são encontradas em outras culturas:  o conceito hindu de prana (“força vital” em sânscrito), assim como o conceito de mana na cultura polinésia. Como sempre, essas semelhanças representam pontos de correspondência e devem ser cuidadosamente avaliadas antes de serem usadas como base para qualquer conclusão.








Quem estudou a filosofia Reiki, aprofundou este ideograma   氣 (Qi) que indica alguma coisa que possa ser material e imaterial ao mesmo tempo, demonstrando que o Qi pode ser tão rarefeito e imaterial como o vapor, e tão denso e material como o arroz.

No entanto,  a palavra Qi não é de fácil tradução. Por essa razão pode ser apresentada de muitas formas: “energia”, “força vital”, “matéria-energia”, “força da vida”, “poder vital”, entre outras. Não existe um termo único e correto para a designação da sua Essência (Jing). 

Quanto à física do Qi

A partir do Tao, o Qi situa-se na fronteira ou   limiar entre o que designamos por  material e por imaterial. É a tido como a base de todos os fenómenos no universo. Tudo é governado, assim como o próprio universo é uma teia de Qi.

O Qi exprime a  “tensão” entre os opostos binários da natureza, o yin e o yang. Assim sendo, o  Qi reside nessa  tensão. Numa interpretação quântica poderemos considerá-lo um super éter. 

Na física, as teorias do éter  propõem a existência de um meio,  campo ou substância  que preenche o espaço necessário na  transmissão e propagação de forças eletromagnéticas ou gravitacionais. Enquanto na filosofia chinesa, a ideia de campo [da física quântica] não está implícita  na noção de  vazio e sem forma. 

Assim sendo, o Qi expressa a continuidade entre matéria e energia. Uma ideia que se alinha ao conceito   massa-energia E=m.c², desenvolvida pelo físico Einstein  -  massa e  energia são duas manifestações diferentes do mesmo princípio.

Foi com Zhang Zai (1020-1077), filósofo chinês que mais contribuiu para o desenvolvimento do conceito de Qi, tal como hoje o conhecemos.

Na sua teoria, o  Qi é invisível e insubstancial, mas quando condensa, torna-se sólido ou líquido adquirindo  novas propriedades: pedras, árvores e até pessoas. Não há nada que não seja Qi. Assim, tudo possui a mesma essência, uma ideia que tem importantes implicações éticas.





Mutações do Qi

Sendo que o Qi passa por um processo contínuo de condensação e dispersão nunca é criado ou destruído, tal como  água, na forma líquida ou congelada permanece a mesma. A condensação é a força yin do Qi e a dispersão é a sua força yang.

A vida humana é  uma condensação de Qi, e a morte a dispersão do Qi: “Todo nascimento é uma condensação, toda morte uma dispersão. Nascimento não é um ganho, a morte não é uma perda… quando condensado, o Qi transforma-se em seres vivos, quando disperso, é o substrato das mutações (…)  Aquilo que preenche o universo eu considero meu corpo”, “Todas as pessoas são meus irmãos e irmãs, e todas as criaturas são minhas companheiras”. ”. (Zhang Zai)

Lidar com o  Qi na prática

A cosmovisão chinesa é imbuída deste  conceito extremamente rico e complexo. Mas o  Qi é também usado de forma muito prática e entendido como “energia” no discurso cotidiano, como por exemplo:  “minha energia está baixa” ou “estou plena de energia”.  

Na filosofia chinesa, a harmonia do universo e a saúde do ser humano dependem do livre movimento do Qi e usam de recursos terapêuticos para manter e equilibrar o Qi do organismo humano. 

O  Qi assume “diferentes roupagens”: Qi Nutritivo (Ying Qi) que existe no interior do organismo, cuja  função consiste em nutrir e o Qi Defensivo (Wei Qi), no  exterior e protege o organismo. Sempre que haja  desequilíbrio tanto do Qi Defensivo como do Qi Nutritivo originará diferentes manifestações clínicas as quais irão exigir diferentes tipos de tratamento.

O qui circula em “canais” pelo corpo -  Meridianos (jing luo). Doenças são consideradas, dentro dessa estrutura, como produto do fluxo de Qi interrompido, bloqueado ou desequilibrado. 


Embora não haja correspondência direta com o conceito Qi no Ocidente, algumas ideias relacionadas são encontradas em outras culturas:  o conceito hindu de prana (“força vital” em sânscrito), assim como o conceito de mana na cultura polinésia. Como sempre, essas semelhanças representam pontos de correspondência e devem ser cuidadosamente avaliadas antes de serem usadas como base para qualquer conclusão.

Dulce Pombo







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