
No Ocidente por Qi, Chi ou Ki. A primeira nomenclatura, Qi, surgiu na transcrição do chinês para o nosso alfabeto. A segunda, Chi, deriva da forma como se pronúncia em chinês. A terceira – Ki - é a versão japonesa, país onde o livro mais antigo, com referência ao Qi, data de 2.600 anos atrás.
Embora não haja correspondência direta com este conceito no Ocidente, algumas ideias relacionadas são encontradas em outras culturas: o conceito hindu de prana (“força vital” em sânscrito), assim como o conceito de mana na cultura polinésia. Como sempre, essas semelhanças representam pontos de correspondência e devem ser cuidadosamente avaliadas antes de serem usadas como base para qualquer conclusão.
Quem estudou a filosofia Reiki, aprofundou este ideograma 氣 (Qi) que indica alguma coisa que possa ser material e imaterial ao mesmo tempo, demonstrando que o Qi pode ser tão rarefeito e imaterial como o vapor, e tão denso e material como o arroz.
No entanto, a palavra Qi não é de fácil tradução. Por essa razão pode ser apresentada de muitas formas: “energia”, “força vital”, “matéria-energia”, “força da vida”, “poder vital”, entre outras. Não existe um termo único e correto para a designação da sua Essência (Jing).
Quanto à física do Qi
A partir do Tao, o Qi situa-se na fronteira ou limiar entre o que designamos por material e por imaterial. É a tido como a base de todos os fenómenos no universo. Tudo é governado, assim como o próprio universo é uma teia de Qi.
O Qi exprime a “tensão” entre os opostos binários da natureza, o yin e o yang. Assim sendo, o Qi reside nessa tensão. Numa interpretação quântica poderemos considerá-lo um super éter.
Na física, as teorias do éter propõem a existência de um meio, campo ou substância que preenche o espaço necessário na transmissão e propagação de forças eletromagnéticas ou gravitacionais. Enquanto na filosofia chinesa, a ideia de campo [da física quântica] não está implícita na noção de vazio e sem forma.
Assim sendo, o Qi expressa a continuidade entre matéria e energia. Uma ideia que se alinha ao conceito massa-energia E=m.c², desenvolvida pelo físico Einstein - massa e energia são duas manifestações diferentes do mesmo princípio.
Foi com Zhang Zai (1020-1077), filósofo chinês que mais contribuiu para o desenvolvimento do conceito de Qi, tal como hoje o conhecemos.
Na sua teoria, o Qi é invisível e insubstancial, mas quando condensa, torna-se sólido ou líquido adquirindo novas propriedades: pedras, árvores e até pessoas. Não há nada que não seja Qi. Assim, tudo possui a mesma essência, uma ideia que tem importantes implicações éticas.
Mutações do Qi
Sendo que o Qi passa por um processo contínuo de condensação e dispersão nunca é criado ou destruído, tal como água, na forma líquida ou congelada permanece a mesma. A condensação é a força yin do Qi e a dispersão é a sua força yang.
A vida humana é uma condensação de Qi, e a morte a dispersão do Qi: “Todo nascimento é uma condensação, toda morte uma dispersão. Nascimento não é um ganho, a morte não é uma perda… quando condensado, o Qi transforma-se em seres vivos, quando disperso, é o substrato das mutações (…) Aquilo que preenche o universo eu considero meu corpo”, “Todas as pessoas são meus irmãos e irmãs, e todas as criaturas são minhas companheiras”. ”. (Zhang Zai)
Lidar com o Qi na prática
A cosmovisão chinesa é imbuída deste conceito extremamente rico e complexo. Mas o Qi é também usado de forma muito prática e entendido como “energia” no discurso cotidiano, como por exemplo: “minha energia está baixa” ou “estou plena de energia”.
Na filosofia chinesa, a harmonia do universo e a saúde do ser humano dependem do livre movimento do Qi e usam de recursos terapêuticos para manter e equilibrar o Qi do organismo humano.
O Qi assume “diferentes roupagens”: Qi Nutritivo (Ying Qi) que existe no interior do organismo, cuja função consiste em nutrir e o Qi Defensivo (Wei Qi), no exterior e protege o organismo. Sempre que haja desequilíbrio tanto do Qi Defensivo como do Qi Nutritivo originará diferentes manifestações clínicas as quais irão exigir diferentes tipos de tratamento.
O qui circula em “canais” pelo corpo - Meridianos (jing luo). Doenças são consideradas, dentro dessa estrutura, como produto do fluxo de Qi interrompido, bloqueado ou desequilibrado.
Embora não haja correspondência direta com o conceito Qi no Ocidente, algumas ideias relacionadas são encontradas em outras culturas: o conceito hindu de prana (“força vital” em sânscrito), assim como o conceito de mana na cultura polinésia. Como sempre, essas semelhanças representam pontos de correspondência e devem ser cuidadosamente avaliadas antes de serem usadas como base para qualquer conclusão.
Dulce Pombo