Ana Patrícia Gonçalves

A Framboesa que não vingou

Por Ana Patrícia Gonçalves em Dezembro 2020

Tema Desenvolvimento Pessoal / Publicado na revista Nº 18

Quero falar contigo sobre o medo da crítica, de parecer “ridícula” aos outros, de fazer diferente e arriscar.

No outro dia quando fui à minha esteticista arranjar as unhas, uma das clientes dela apareceu no gabinete com uma embalagem de framboesas. Eram lindas, grandes e com excelente aspeto. Comentou que tinham acabado de deixar a embalagem no cabeleireiro enquanto eu fazia as unhas.

Fiquei intrigada e pedi-lhe para falar-me mais sobre isso. Então, ela contou-me que, na altura do confinamento, esta empresa, como muitas outras, não conseguiram escoar a produção para fora do país e começaram a vender localmente os seus produtos. Ela encontrou esta empresa nas suas pesquisas do Google e ligou-lhes. Disponibilizaram-se logo para fazer entregas ao domicílio para não perderem a produção. E desde então, estão a fazer entregas porta-a-porta por agendamento.

Ao ver essa caixa maravilhosa à minha frente perguntei-me “Como é que eu não conheço esta empresa, se faz entregas na minha zona? Adoro frutos vermelhos e, diga-se de passagem, que as do supermercado deixam muito a desejar”. E foi esta pergunta que me fez todo o sentido! Foi uma das lições mais importantes que revi nesse dia!

Vou explicar: porque é que a dona da empresa não deixou folhetos no cabeleireiro para promover seus produtos já que são de tão boa qualidade e a um preço muito bom? Porque é que a dona da empresa não se mostra e vende os seus produtos? Muito provavelmente... por medo da crítica, medo do julgamento, medo de arriscar e parecer ridículo, medo… medo… medo. Não só o medo do julgamento do que as outras pessoas vão pensar de mim, como também medo do meu próprio julgamento: “que ridículo... não vou fazer isso, já não se usa deixar folhetos, quem é que os vai ler? Todos os folhetos vão para o lixo. Não vou incomodar. Se quiserem os meus produtos que venham ter comigo.” Este tipo de conversas que temos connosco próprias são ALTAMENTE DESTRUTIVAS. Não precisas de ninguém para destruir a tua autoestima e autoconfiança… com este tipo de auto conversas consegues sozinha. Eu tinha este tipo de conversas comigo mesma. Queria muito uma coisa. Pensava nela. Criticava a minha ideia. Argumentava o quão difícil e tonta era a ideia. Rejeitava a ideia. Sabes o cómico disto? A ideia nem teve uma oportunidade de vingar, mal foi concebida foi esmagada em minutos.

Agora vamos pensar diferente.

Imagina se a dona da empresa das framboesas tivesse entrado no cabeleireiro, deixado folhetos e falado com a dona. Eu já teria saído de lá com uma encomenda feita e não seria a única. Ela poderia ter feito uma parceria com a dona do cabeleireiro para ajudarem-se mutuamente. E é assim a maneira certa de pensar e viver a vida. Há múltiplas fontes de rendimento à nossa espera. Há infinitas maneiras de vivermos a vida à espera de serem descobertas. É preciso ter uma mente aberta, estar disposta a fazer as coisas de maneira diferente e arriscar. Só que a maioria das pessoas anda presa ao passado, ao que não tem, ao que não teve e ao que não terá e conformam-se com a vida que criaram, em vez de procurarem novos caminhos e perseguirem os seus sonhos.

Portanto, o medo da crítica, de parecer “ridícula” aos olhos dos outros e o medo de falhar vão limitar-te. A limitação está apenas na imaginação descontrolada e falta de atenção ao que queres. Se te focas naquilo que não queres irás encontrá-lo, sempre! E se desta vez te focasses apenas no que desejas e gostarias? Como mudaria a tua vida?

Ana Patrícia Gonçalves


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